Saiba como conseguir obediência dele falando apenas uma vez e sem gritar.
Vamos começar com uma pergunta básica: por que gritamos?
Gritar está diretamente ligado a emoções intensas ou situações de estresse. Quando sentimos frustração, impotência, medo, ansiedade, desespero ou estresse acumulado, abandonamos a comunicação racional e recorremos ao grito.
Para o nosso organismo, gritar significa que nosso córtex pré-frontal, responsável pelo pensamento racional e planejamento, está com a ação reduzida, e estamos prontos para agir impulsivamente.
Curioso, não? Geralmente, quando gritamos com alguém, o que realmente queremos é a atenção e compreensão dessa pessoa.
Mas, pensando bem, qual é o verdadeiro efeito que conseguimos atingir na pessoa do outro lado?
Efeito dos gritos no receptor
Para deixar tudo mais claro, vamos usar uma situação comum no ambiente de trabalho: uma bronca severa.
Você acabou de entregar uma demanda complicada, mas cometeu um deslize que não percebeu. Seu líder recebe o material e acredita que, ao dar uma bronca com gritos e palavras duras, a chance de você errar novamente é quase nula.
No entanto, o que realmente acontece dentro do seu organismo nesse momento são estas reações:
- Resposta ao estresse: O grito ativa a resposta ao estresse do corpo, liberando hormônios como adrenalina e cortisol. Isso prepara o corpo para a “luta ou fuga”, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial, além de deixá-lo em um estado de alerta elevado.
- Ativação da amígdala: A amígdala, a parte do cérebro responsável por processar emoções como medo e raiva, pode ser ativada, causando uma reação emocional intensa, muitas vezes desproporcional à situação real.
- Inibição do córtex pré-frontal: O córtex pré-frontal, responsável pelo pensamento racional, planejamento e tomada de decisões, pode ter sua atividade inibida durante situações de estresse intenso. Isso dificulta a capacidade de pensar com clareza e responder de forma racional.
É por isso que, nesses momentos, acabamos falando algo que não queríamos ou tomando decisões precipitadas.
Percebeu como a intenção do líder não se concretizou? Se nós, adultos, que aprendemos a controlar nossos impulsos e a relevar muitas coisas a partir da maturidade emocional e do desenvolvimento cerebral, temos dificuldades em passar por situações assim, o que será que acontece com nossos filhos?
Quais são as consequências? Os efeitos ou malefícios?
Impactos ao gritar com o seu filho
Se você acha que gritar é a única forma de fazer seu filho obedecer, você está preso em um ciclo vicioso, treinando-o a só te ouvir dessa maneira. E tenho uma novidade para você: os gritos são, na verdade, responsáveis pela desobediência.
Vamos pegar um exemplo prático para ilustrar. Imagine que seu filho não quer guardar a mochila quando chega da escola. A primeira coisa que você faz é gritar para que ele coloque no lugar certo, afinal, para você, é óbvio que a organização é essencial.
No entanto, o efeito do grito é completamente oposto ao desejado. A criança não entende a importância de guardar a mochila, apenas percebe que sua maior preocupação é a mochila, não ela que acabou de chegar em casa.
Quando gritamos com nossos filhos, vários efeitos negativos ocorrem no organismo deles:
- Estado de alarme: O grito ativa o estado de alarme no cérebro, desativando a área do aprendizado.
- Insegurança: A gritaria ativa a região do medo, deixando a criança insegura ao tomar decisões. Esse comportamento pode persistir até a fase adulta.
- Baixa autoestima: Os gritos podem causar desaprovação e vergonha, deixando a criança mais introspectiva e triste.
- Isolamento: Após passar por vários momentos desconfortáveis, a criança prefere se distanciar e se isolar com seus sentimentos.
- Afastamento da família: A criança associa momentos em família com gritos, preferindo se isolar devido ao constrangimento e chateação.
- Depressão: Após suportar muitos gritos e situações constrangedoras, a criança pode não saber mais como lidar e sucumbir à doença.
Se gritar com seus filhos é comum na sua rotina, fique atento a alguns sintomas de sofrimento agudo na criança:
- Irritabilidade
- Agressividade
- Sono desregulado
- Alterações de peso
- Transtornos de humor
Se tudo isso te fez refletir e querer tomar uma atitude diferente, eu tenho um desafio para você!
Desafio: pare de gritar com o seu filho
Para começar o desafio, proponho que deixemos de lado algumas expectativas. Primeiramente, a ideia de que continuar gritando com seus filhos vai gerar bons resultados. Em segundo lugar, a expectativa de que eles se tornem conscientes e obedientes por conta própria. E, por último, a crença de que eles aprendem tudo o que precisam na escola.
Combinado? Vamos ao desafio:
Descubra seus gatilhos: Identificar nossos gatilhos é essencial para ganhar autoconsciência e entender por que recorremos aos gritos em certas situações. Ao descobrir esses gatilhos, podemos desenvolver mecanismos de enfrentamento mais saudáveis e respostas alternativas.
Reconheça padrões: Reserve um momento para refletir sobre suas próprias experiências. Observe situações recorrentes em que os gritos tendem a ocorrer. Anote tudo em um papel. Isso é terapêutico e ajuda muito.
Faça perguntas a si mesmo: Que emoções estou sentindo quando tenho vontade de gritar? Existem medos ou inseguranças que desencadeiam essa resposta? Quais comportamentos ou situações específicas me levam a gritar?
Policie-se: Em vez de levantar a voz quando o comportamento de seu filho testa sua paciência, dê um passo atrás e reserve um momento para avaliar suas emoções.
Cultive a paciência: Antes de reagir impulsivamente, pare por um momento e reflita sobre a situação. Considere as emoções e necessidades de ambos, você e seu filho. Essa breve pausa pode ajudá-lo a responder de maneira mais calma e paciente.
Respiração consciente: Quando sentir que sua paciência está se esgotando, concentre-se na respiração. Respirações profundas e intencionais podem ajudá-lo a recuperar a compostura.
Aprenda a ouvir: Pergunte-se: “Estou pronta para ensinar e meu filho está pronto para aprender?” Após isso, escute seu filho antes de falar qualquer coisa e valide suas emoções.
Como pais, nossas responsabilidades podem muitas vezes tornar-se esmagadoras, especialmente quando combinadas com outros fatores de estresse da vida. Quando nos sentimos sobrecarregados, podemos reagir com raiva ou frustração, recorrendo aos gritos como válvula de escape. Ao reconhecer esse gatilho, podemos explorar estratégias alternativas para gerir o nosso estresse e criar um ambiente mais calmo para nós e para nossos filhos.
Uma ótima alternativa é combinar esse desafio com o programa Linguagem da Obediência.
Fale o idioma do seu filho:
As crianças são movidas por suas emoções e graças a evolução da neurociência e da psicologia, existe você tem acesso a uma comunicação capaz de fazer seu filho obedecer de forma voluntária.
Essa ferramenta é a mesma utilizada nos desenhos animados, que as crianças passam boa parte do tempo assistindo.
E depois de ter estudado muito,aplicado nos meus próprios filhos e estar colhendo os resultados, eu posso afirmar com toda certeza que essa ferramenta funciona!
E como mãe e psicóloga infantil, eu não posso guardar essa descoberta só para mim.
Por meio deste artigo, eu convido você a fazer parte das mais de 11.247 mães e pais que realizaram o programa Linguagem da Obediência e hoje não são mais reféns de gritos para educar os seus filhos.
Grande beijo.
Michelle Bottrel
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Sobre a Michelle
Psicóloga há mais de 13 anos, Michelle também é mãe do Nicholas e do Christian, neuropsicóloga, especialista em educação infantil e membro da sociedade brasileira de psicologia, membro do Instituto de saúde mental infantil canadense e instrutora de certificação com reconhecimento do MEC.
Nos últimos anos, Michelle Bottrel já ajudou mais de 11.247 mães e pais a criar filhos bem-sucedidos.